PaBaJi nasceu de uma reflexão íntima e profunda: o que eu gostaria de compartilhar com meus filhos que tivesse valor suficiente para ser registrado? Meu desejo é criar um diálogo sobre as várias heranças culturais e ancestrais, o que se tornará evidente ao longo das nossas conversas filosóficas.
Os temas que abordo são importantes para mim, tanto no sentido afetivo quanto no desafio que representam ao tentar capturar, por meio da escrita, os pequenos fragmentos de sabedoria e percepção que recebi ao longo da vida. Alguns desses conhecimentos me chegaram através de encontros pessoais e familiares; outros, encontrei em livros, mídias e trocas com outras culturas.
Sinto uma atração natural pelo etéreo, abstrato e imaterial, mas reconheço que isso possa gerar desinteresse para quem prefira uma abordagem mais concreta. Ainda assim, da mesma forma como valorizo a sutileza e a beleza das pequenas coisas, tenho clareza do perigo de normalizar o banal. Desejo encontrar esse equilíbrio.
Escreveu Einstein, em Mein Weltbild (Como Vejo O Mundo):
Mas é a pessoa humana, livre, criadora e sensível que modela o belo e exalta o sublime, ao passo que as massas continuam arrastadas por uma dança infernal de imbecilidade e de embrutecimento.
A espiritualidade, em minha visão, está profundamente entrelaçada ao cotidiano, e viver exclusivamente no plano das ideias pode nos distanciar da experiência humana completa. O desafio é encontrar um caminho do meio: aquele que honre tanto o espírito quanto o dia a dia.
Com certa ousadia, dirijo-me às fronteiras do conhecimento sabendo que muitas vezes serei confrontado pela complexidade de transformar minhas experiências em algo atemporal e relevante para os que vêm depois de mim. Opto por escrever sobre cosmologias e atravessamentos culturais com a esperança sincera de que ninguém se sinta excluído ou desrespeitado. Talvez o silêncio fosse uma resposta mais segura, mas acredito que compartilhar o que somos possa criar pontes…
Novamente, Einstein…
Creio mesmo que o exagero da atitude ferozmente intelectual, severamente orientada para o concreto e o real, fruto de nossa educação, representa um perigo para os valores morais. Não penso nos riscos inerentes aos progressos da tecnologia humana, mas na proliferação de intercâmbios intelectuais mediocremente materialistas, como um gelo a paralisar as relações humanas. (…) Por isto cada um deve participar na elaboração do espírito de seu tempo. (…) Que o sentimento de compreensão fraterna lance cada vez maiores raízes nos povos.
Mais importante que o silêncio, é criar um espaço onde a diversidade de pensamentos possa ser acolhida e valorizada. Convido você a participar desta conversa, seja refletindo ou comentando, pois embora este projeto tenha sido inicialmente inspirado pelos meus filhos, ele é um convite aberto a todos.